Gestão de Acabatíva: A Arte de Concluir e Gerar Impacto

Gestão de Acabatíva: A Arte de Concluir e Gerar Impacto

Imagine um maestro regendo uma orquestra. Cada instrumento é tocado com dedicação, cada músico faz sua parte com excelência, mas, no último movimento, a harmonia se desfaz porque um ou dois músicos param antes do final. O resultado? Uma melodia incompleta, um impacto menor do que o planejado. Essa é a realidade que muitos profissionais enfrentam: a incapacidade de fechar o ciclo, de entregar com “acabatíva”.

No mundo corporativo, especialmente em times de software, isso é evidente. Temos desenvolvedores que projetam soluções engenhosas, arquitetos que criam sistemas robustos e equipes inteiras que investem energia para chegar até os 90% de uma entrega. Mas, frequentemente, o que falta são aqueles fatídicos 10%. A fase que transforma trabalho duro em resultados palpáveis, em impacto real.

Essa falta de acabatíva não é exclusiva do ambiente de trabalho. Quantas vezes vemos pessoas que começam projetos pessoais com entusiasmo e disciplina, mas desistem perto do fim? Seja aprender um novo idioma, escrever um livro ou seguir uma rotina de saúde, há uma barreira psicológica que faz muitos desistirem. Como bem disse Angela Duckworth, autora do best-seller Grit, “a paixão e a perseverança para perseguir objetivos de longo prazo são mais importantes do que o talento bruto”. Concluir exige resiliência, foco e, principalmente, liderança.

A Importância de Liderar com Propósito

Um bom líder não é apenas aquele que motiva ou organiza tarefas. Um líder de verdade tem a habilidade de enxergar a integração entre as partes e garantir que a sinergia do time leve a uma entrega completa. Em projetos de software, por exemplo, a entrega não é apenas código compilado. É teste, é documentação, é um cliente satisfeito.

Seguir até o fim exige maestria na coordenação, leveza na comunicação e responsabilidade compartilhada. Quando todos no time entendem que o “bumbo” precisa ser batido em uníssono, não há espaço para o "quase terminado".

Considere o exemplo de Jeff Bezos, fundador da Amazon, que instituiu o conceito de "Day 1" em sua organização. Para Bezos, cada dia na Amazon deveria ser tratado como se fosse o primeiro, com energia e foco inabaláveis até que o objetivo fosse alcançado. Isso reflete o que chamo de “acabatíva corporativa”: a busca incessante pela entrega impecável.

Paralelo com a Vida Pessoal

A falta de acabatíva também ecoa nos aspectos pessoais. Pense naquela pessoa que decide correr uma maratona, mas desiste no quilômetro 35. Ou naquele que sonha em aprender a tocar violão, mas para na primeira dificuldade. Esses 10% finais exigem mais do que habilidades. Eles demandam um compromisso emocional e mental.

James Clear, autor de Atomic Habits, afirma: “Não é sobre fazer grandes mudanças de uma vez; é sobre fazer pequenas mudanças consistentemente, até que o progresso seja inevitável”. Ou seja, os últimos 10% são uma série de pequenas ações consistentes que se somam para criar uma entrega completa.

Estratégias para Garantir a Acabatíva

1. Defina o Éxito: Certifique-se de que o time entende claramente o que significa “concluído”. Alinhe as expectativas desde o início.

2. Divida a Entrega em Marcos: Grandes projetos podem parecer esmagadores. Dividí-los em etapas menores com entregas frequentes ajuda a manter o foco e a motivação.

3. Cultive o Hábito da Responsabilidade: Cada membro do time deve sentir-se dono do projeto, desde o início até o fim.

4. Comemore as Conclusões: Celebrar cada marco completado fortalece o compromisso de seguir adiante.

Conclusão

Gestão de acabatíva não é apenas sobre fazer muito. É sobre finalizar com excelência. Seja em projetos de software ou em metas pessoais, o que realmente gera impacto é a capacidade de levar algo até o fim. Como líderes, nosso papel é inspirar, coordenar e garantir que as engrenagens da equipe girem juntas até o último minuto.

Como diria Steve Jobs: “É preciso ter coragem para seguir seu coração e intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se tornar”. Sejamos líderes que inspiram coragem não apenas para começar, mas para concluir. Porque, no final das contas, é a acabatíva que transforma esforço em impacto.